Lesões desportivas no sexo feminino
Há um crescente número de pessoas a praticarem desporto, nomeadamente do sexo feminino. E como tal, é natural que surjam cada vez mais casos de lesões associadas. Conheça neste artigo algumas das lesões desportivas contraídas pelas mulheres na prática desportiva.
A prática desportiva, a crescente profissionalização nas mais diversas modalidades, o culto do corpo e a procura de qualidade de vida através da atividade física trouxeram maior exposição e, consequentemente, lesões que antes eram quase exclusivas dos homens.
Os estudos publicados nos últimos 20 anos mostram que as mulheres contraem mais lesões do que os homens. No futebol, por exemplo, as atletas do sexo feminino têm quatro vezes mais probabilidade de sofrer uma lesão ligamentar do joelho e, na corrida, aumenta para 7, a probabilidade das mulheres se lesionarem comparativamente aos homens.
Quais as razões para as lesões desportivas nas mulheres?
Neuromuscular
Diversos autores afirmam que as atletas exibem um tempo de recrutamento de grupos musculares e tempo de ativação destes músculos maiores que os observados nos homens. E isso pode afetar a dinâmica de diversas articulações, principalmente o joelho.
Anatómica
As diferenças morfológicas entre géneros é óbvia! Na anca, a bacia mais larga aumenta o braço de alavanca sobre os músculos rotadores da anca, especialmente os glúteos médio e mínimo, predispondo a bursite e tendinites trocantéricas.
No joelho, a rótula alta e lateralizada e o sulco troclear raso (trilho por onde a rótula desliza quando se flexiona o joelho) são responsáveis por um contacto reduzido entre a rótula e o fémur, e, consequentemente a doenças causadas pela pressão excessiva na cartilagem articular, como a condromalácia, síndrome da hiperpressão lateral e sinovite do joelho. O tamanho e espessura reduzido dos ligamentos do joelho e tornozelo colocam estas articulações em risco nos casos de entorses e contusões.
Por fim, o eixo dos membros inferiores, ou seja, o formato das pernas das mulheres tende a ser em “X”, conhecido na ortopedia como joelho valgo ou genu valgum. Isto será um fator de maior lateralização da rótula, causando sobrecarga medial das tíbias, levando a canelite e fraturas de stress da tíbia e a tendinites do tornozelo.
Hormonal
A evidência dos efeitos das hormonas sexuais femininas sobre o tecido conjuntivo é ainda limitada. Identificou-se recetores da relaxina, sintetizado na fase ovulatória do ciclo menstrual e intensamente na gestação. Os estudos mostram que esta hormona, cuja função é relaxar os ligamentos do corpo da mulher, especialmente da bacia, facilitando o trabalho de parto, reduz a síntese de colagénio dos ligamentos da mulher em mais de 40% comparado com os ligamentos dos homens, tornando-os mais elásticos e mais frágeis.
Os estudos que compararam o índice de lesões nas diferentes fases do ciclo menstrual mostraram que a mulher se lesiona mais no período menstrual. Um estudo sobre os efeitos do ciclo menstrual e uso de contracetivos orais em oitenta e seis jogadoras de futebol num período de 12 meses mostrou que as atletas que tomaram contracetivos orais tiveram uma taxa significativamente menor de lesões do que os jogadores de futebol que não tomam contracetivos orais.
Além disso, notou-se que as jogadoras de futebol eram mais suscetíveis a lesões traumáticas entre os dias 1 e 14 dos seus ciclos menstruais.
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